Medusa.

16:45

Caminhando entre as estátuas, sorri feito escultor satisfeito. Namora-as, beija-as e vai deixando os dedos roçarem na superfície áspera de corpos petrificados. Os olhos que percorrem a sala são feitos de puro veneno, tão frios quanto mármore, duas estrelas cintilantes, duas órbitas mortais. Há quem diga que em outrora foi bela, quando o cabelo que lhe caía em cachos sobre os ombros não era feito de serpentes que enroscam-se umas ás outras, sibilando. Mas agora, nesse teu vestido verde-esmeralda, és amante perigosa. A pele pálida e as linhas de veias que a percorrem denunciam que tu só conheces a noite, as estrelas e este pátio sobre o qual tu caminhas, triunfante. O teu coração é trevas, medusa. É escuridão enlatada. Um buraco negro faminto, impaciente.

0 linhas

Comentários são sempre bem-vindos. Deixe também o seu.
Eu agradeço de coração, e espero que volte sempre